Depois da conversa que tivera ontem na escola de condução pensei que as aulas práticas começariam apenas daqui a algumas semanas. Afinal de contas hoje de manha fui informado que amanhã já poderei começar as aulas em Boticas. Parece-me muito bem. Se começar as aulas agora conseguirei dar um bom numero delas antes de Agosto e da época em que começaram os tratamentos da minha mãe e em que estarei mais ocupado. Devo confessar que já sou totalmente inexperiente na condução (isto não se pode contar J) mas de qualquer das formas estou entusiasmado com o inicio das aulas. Neste momento posso afirmar: bendita a hora em que o meu pai me marcou o exame de código. Esta actividade tem-me mantido bastante ocupado nos últimos tempos e isso é exactamente o que eu preciso.
A minha mãe decidiu finalmente começar a contar aos amigos e pessoas mais chegadas que sofre de cancro da mama. Considero a decisão mais razoável nesta altura visto que esconder já não serve de nada e ela terá de enfrentar os olhares de compaixão, sorrisos amarelos e conselhos repetidos milhares de vezes mas é algo que terá de acontecer e quanto mais cedo melhor.
Na mesma conversa revelou-me que o seu maior medo nos próximos tempos será quando tiver de cortar o cabelo. Afirma que a chocará ainda mais do que cortar o peito. Percebo o seu ponto de vista. De facto, perder o cabelo deixa a nossa morfologia ligeiramente alterada aos olhos dos outros e a minha mãe chegou até a afirmar que “se irá parecer com um óvni daqueles que se via nos filmes antigos”. Pessoalmente abomino um pouco o uso de perucas. Utilizar um lenço pode ser uma opção que cumpre a mesma função e não tenta enganar os outros e conformar o nosso ego ferido em relação à perda que sofremos. E até acho que é bonito ver uma pessoa a usar lenço: serve como um símbolo, uma marca para todos os que o vê como se dissesse “em sofro de cancro; eu sou um sobrevivente; eu estou aqui para lutar contra este monstro e irei derrotá-lo, careca ou não. E porque a minha pessoa não se resume aos pormenores decorativos da minha cabeça, irei ganhar esta guerra mesmo depois do cancro me ter arrancado o cabelo
A minha mãe decidiu finalmente começar a contar aos amigos e pessoas mais chegadas que sofre de cancro da mama. Considero a decisão mais razoável nesta altura visto que esconder já não serve de nada e ela terá de enfrentar os olhares de compaixão, sorrisos amarelos e conselhos repetidos milhares de vezes mas é algo que terá de acontecer e quanto mais cedo melhor.
Na mesma conversa revelou-me que o seu maior medo nos próximos tempos será quando tiver de cortar o cabelo. Afirma que a chocará ainda mais do que cortar o peito. Percebo o seu ponto de vista. De facto, perder o cabelo deixa a nossa morfologia ligeiramente alterada aos olhos dos outros e a minha mãe chegou até a afirmar que “se irá parecer com um óvni daqueles que se via nos filmes antigos”. Pessoalmente abomino um pouco o uso de perucas. Utilizar um lenço pode ser uma opção que cumpre a mesma função e não tenta enganar os outros e conformar o nosso ego ferido em relação à perda que sofremos. E até acho que é bonito ver uma pessoa a usar lenço: serve como um símbolo, uma marca para todos os que o vê como se dissesse “em sofro de cancro; eu sou um sobrevivente; eu estou aqui para lutar contra este monstro e irei derrotá-lo, careca ou não. E porque a minha pessoa não se resume aos pormenores decorativos da minha cabeça, irei ganhar esta guerra mesmo depois do cancro me ter arrancado o cabelo
Olá Rui! É bom a tua mãe saber que tu a entendes e que a sua vontade de lutar encontra o eco perfeito na tua vontade de lutar. Isso é tão importante! Beijinhos para os dois!
ResponderEliminarRui, gostei muito dessa tua determinação em relação ao uso do lenço, mas deixa ser a tua mãe a decicir, eu quando iniciei a químio comprei montes de lenços, mas o choque da perda do cabelo foi tão grande que tive de optar pela peruca, apesar do calor que ela provoca, pois foi a única maneira de me sentir melhor.
ResponderEliminarPara mim foi muito difícil a perda do cabelo, lembro-me que nos primeiros dias não saía de casa, só quando comprei a peruca é que consegui enfrentar as pessoas.
Escusado será dizer que já me desfiz dela...queimei-a...
Rui continua a ser forte e dar ânimo e coragem à tua mãe, e não tarda nada vai ser mais uma vencedora a juntar-se ao nosso grupo.
Beijinhos para todos.
Isabel Alegria
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ResponderEliminarOlá Rui!
Foi óptimo que a tua mãe tivesse "confrontado" com o seu "ego" que está doente e está decidida a lutar!
Issso manifestou-se na sua maneira de ter começado a demonstrar à sociedade que sim senhora tem problema grave... mas que está aqui cheia de pujança para enfrentar a luta.
Quanto ao cabelo... dá tempo ao tempo.
Ela vai chegar à conclusão que o cabelo vai tornar a crescer e às vezes ainda mais forte e bonito. E além disso como dizem os americanos são: "peanuts"... coisas secundárias que não vale investir! É certo que há pessoas a quem custa muito "olharem-se"... mas então não querem curar-se? E os comentários?... Isso interessa? Agora que toda a gente proclama a liberdade individual! Mas vivemos para os outros ou para nós? Já reparaste que está na moda tanta gente rapar o cabelo? Se eles gostam...
Mas voltando aos comentários, conheci uma pessoa que dizia em relação à má lingua e afins...
-Deixa lá falá-los... eles calarão-se-ão-se!!!
Eu ria às gargalhadas... mas realmente comentários burros merecem respostas assim...
Mostra à tua mãe, ou conta-lhe os exemplos destas mulheres todas desinibidas que por aqui andam nestes blogues... elas são um exemplo pedagógico para todo este Portugal. Mostra-lhes fotos, por exemplo, da Liliana, como ela sem cabelo é bonita e charmosa. ( As outras também...)
Este meu à vontade de falar nestes assuntos vem de vinte e tal anos de viver como voluntária com mulheres e homens com cancro. Vi dezenas de casos "ouvi", "ouvi"... ouve a tua mãe e sossega-a. Os cabelos são peanuts...!
Enche a tua mãe de esperança!
Que pena tenho de viver longe dela...
Um abraço,
laura
Olá Rui
ResponderEliminarCortar o peito terá um caracter mais definitivo, ou pelo menos mais prolongado, que o cabelo. Esse cai mas volta a crescer. Penso que neste caso a tua mãe não pode pensar nos outros mas sim nela e no que vê ao espelho. Se se sentir bem de lenço muito bem, mas o uso de pecuras penso que transmite maior confiança... não sei é a minha opinião. Eu nunca me preocupo muito com o que os outros pensam tenho de me sentir, isso sim, bem comigo propria.
Bjs
Emilia
OLá Rui, primeiro quero dar-te os parabéns pelo exame de código, agora vem a condução mais depressa do que imaginavas , e vai ser bom para te despachares mais rápido, e poderes mais tarde acompanhar a tua mãe!
ResponderEliminarLenço, peruca,chapéu, ou lá o que seja tem que ser a própria a decidir...temos que usar o que nos fizer sentir melhor e o que os outros pensam é problema deles! Já temos tanta coisa que nos preocupa que esses comentários não contam para nada!
Força!!!
Um beijinho para ti, e para a tua mãe!
Olá Rui
ResponderEliminareu usei quase sempre lenços tinha muitos de várias cores a peruca é muito quante!
E sabes????
Quando olhavam para mim eu sentia esse peso de pensarem: " coitada tão nova e com cancro!"
sabes como retribuía?
Com um sorriso, nada tão simples...o meu sorriso dizia tudo!
Que tinha força, coragem e fé!
O mesmo acontecerá com a tua Mãe. Não é facil a perda do cabelo foi-me muito complicado mas depois...eu queria vencer!
Beijinhos para os dois :)
Olá Rui, há dois dias que não dizes nada!!! está tudo bem? espero que sim, hoje não vou ser chata, porque as meninas já disseram tudo e muito bem... Desde a Madalena até á Linita foi tudo muito bem dito!!! isso é que elas sabem... digamos uma SABONAS, cada uma com a sua experiência alimentam a alma de qualquer ser humano... uma delícia...
ResponderEliminarRui, fica bem, um GRANDE XI-CORAÇÂO para ti e para a Mãezinha.
Natty