Dia 7 de Julho de 2009

Faz hoje exactamente uma semana que iniciei este blog. Fez ontem uma semana que a minha mãe me falou pela primeira vez no nódulo que lhe surgira na mama e que ainda não revelara. Na verdade é estranho pensar neste período de tempo como uma única semana. Se não me guiasse pelos dias, diria que passaram meses. De facto dá-me a impressão que passou muito tempo, já sofri muito, já estive em baixo, já consegui recuperar ligeiramente, levantar a cabeça… a minha mãe mostrou o nódulo, fez exames, estes foram enviados, foi encaminhada para o porto… tudo isto numa pequena e curta semana. O tempo é relativo nestas alturas, como tudo o resto. E se posso dizer que esta semana foi sem dúvidas a maior e mais dolorosa da minha vida até então, também posso afirmar que foi a semana em que detectei conscientemente um crescimento mental que nunca sentira, como se nesta semana quebrasse de uma vez por todas com a infantilidade que teima em nos acompanhar ao longo da adolescência. Cresci.
Não posso assinalar esta primeira semana sem agradecer enormemente a todas as pessoas fantásticas que por aqui apareceram e de forma muito solidária me tem ajudado dando exemplos de vida, dando conselhos, mostrando-se compreensíveis e dando alguma força que tão necessária é nestes períodos. Adoraria agradecer e responder a cada comentário de forma individual mas tal não é possível e aproveito este post para o fazer de forma generalizada. Obrigado a todos os que me têm acompanhado diariamente e que pretendem continuar a fazer. É um pequeno cantinho que me tem auxiliado muito e continuarei a explorar até que algo me faça interromper a escrita.
Quanto ao meu dia de hoje não tenho muito a dizer. As pessoas conhecidas começam a comentar o problema do ombro da minha mãe (porque ninguém exceptuando a família sabe da existência do tumor) e muitos já avançam teorias sobre cancro da mama. A minha mãe contínua sem vontade de contar mas está a esgotar-se o tempo em que o problema se manterá oculto para o mundo exterior.
Falei na internet com o amigo com quem falei ontem. Convidou-me para passar o o próximo fim-de-semana em sua casa. Tive de recusar e quanto me inquiriu acabei por contar a verdade. Soube bem desabafar com alguém que me conhece e que sabe como me sinto. Ouvi meia dúzia de palavras de força e coragem. Não podia pedir mais e foi o suficiente para me sentir acompanhado por alguém.
Soube as notas dos meus exames. Tive boa nota em ambos, exactamente 18 valores a matemática e a Português. Serviu para animar a minha mãe e para me manter feliz por algumas horas. O próximo passo é a candidatura à universidade a partir do dia 13. Respondo à doutora Carla Damásio que me inquiriu sobre os meus planos universitários: pretendo seguir medicina veterinária, um sonho de criança e um amor louco por animais que espero vir a realizar-se.
Responde também à Cristina J.. De facto o que escrevo é um guião de uma novela, muito amador claro está, mas que me dá bastante trabalho e gozo ao escrever. Fico contente por estar a tentar ler. Quando tiver uma ideia formada gostaria de saber a sua opinião.
Hoje fiz um post diferente, a falar mais de mim. Espero que quem acompanha o blog para seguir a história da minha mãe não se importe porque de facto é essa a linha de escrita que pretendo continuar a usar.