quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Feliz natal
Pois bem, é verdade que já a algum tempo que não escrevo devido ao trabalho intenso que tenho tido e a um ou outra situação que me tem impedido de cá vir, mas o meu regresso fica desde já agendado para dia 1 de Janeiro. A partir daí prometo voltar ao activo e escrever sempre que possível as novidades que vão aparecendo.
Por enquanto resta-me desejar um óptimo natal para todos e que o novo ano apenas vos traga o equivalente à bondade e boa-vontade que demostram na vossa vida!
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Percebo o facto de todas estarem preocupadas com a minha ausência mas não se preocupem que não se passa nada de muito grave.
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
30 de Outubro de 2009
O fim-de-semana são dois dias. Quando penso nestes dois pequenos momentos de prazer, associo ao regresso a casa, ao estar com a família, ao descansar… tudo ideia erradas. Os fins-de-semana são agora passados a estudar e a realizar trabalhos atrasados, e o tempo para estar com a família é pouco ou nenhum. Com tudo isto, penso ser fácil perceber o porquê de quase não ter tempo para escrever no meu blog. Há muitas coisas para contar, mas é-me quase impossível fazê-lo sem que com isso comprometa qualquer outra tarefa que tenha agendada.
Estar em Vila Real começa a ser suportável. Ainda não consigo chegar ao meu quarto e sentir-me em casa, mas com uma diminuição abrupta do ritmo das praches ( segundo os doutores, temporária) já consigo ir para a universidade sem suores frios e expectativa em relação às humilhações a sofrer. Os telefonemas para casa continuam a ser diários e tão cedo não mudarão, porque de facto esses momentos em que contacto com a família são os únicos em que me sinto verdadeiramente bem ao longo do dia.
A minha mãe continua igual. Teve mais uma sessão de quimioterapia e infelizmente, ao contrário do que aconteceu na primeira sessão, sofre bastante nos dois dias seguintes. De qualquer das formas continua a enfrentar a doença de forma directa e nunca pensa em desistir.
A minha avó regressou ontem a casa. Continua de cama porque a bacia, mesmo depois da operação, ainda não lhe permite andar. Tememos que esta condição se torne permanente, mas de qualquer das formas é bom tê-la de volta a casa. Já não a via há 3 semanas e será bom revê-la amanhã.
Este fim-de-semana são os Santos em Chaves! Adoraria passar por lá, dar uma volta pelas tendas, quem sabe andar em algum carrocel e até rever alguns amigos que por á deixei do ano passado… mas infelizmente, mais uma vez tenho o fim-de-semana tão sobrecarregado que será quase impossível sair de casa.
O natal está longe… só a 18 de Dezembro terei férias… entretanto lá vou matando o corpo á medida que o cansaço se apodera de mim. Nada que não se aguente. É caso para dizer: Bem vindo à universidade.
30 de Outubro de 2009
O fim-de-semana são dois dias. Quando penso nestes dois pequenos momentos de prazer, associo ao regresso a casa, ao estar com a família, ao descansar… tudo ideia erradas. Os fins-de-semana são agora passados a estudar e a realizar trabalhos atrasados, e o tempo para estar com a família é pouco ou nenhum. Com tudo isto, penso ser fácil perceber o porquê de quase não ter tempo para escrever no meu blog. Há muitas coisas para contar, mas é-me quase impossível fazê-lo sem que com isso comprometa qualquer outra tarefa que tenha agendada.
Estar em Vila Real começa a ser suportável. Ainda não consigo chegar ao meu quarto e sentir-me em casa, mas com uma diminuição abrupta do ritmo das praches ( segundo os doutores, temporária) já consigo ir para a universidade sem suores frios e expectativa em relação às humilhações a sofrer. Os telefonemas para casa continuam a ser diários e tão cedo não mudarão, porque de facto esses momentos em que contacto com a família são os únicos em que me sinto verdadeiramente bem ao longo do dia.
A minha mãe continua igual. Teve mais uma sessão de quimioterapia e infelizmente, ao contrário do que aconteceu na primeira sessão, sofre bastante nos dois dias seguintes. De qualquer das formas continua a enfrentar a doença de forma directa e nunca pensa em desistir.
A minha avó regressou ontem a casa. Continua de cama porque a bacia, mesmo depois da operação, ainda não lhe permite andar. Tememos que esta condição se torne permanente, mas de qualquer das formas é bom tê-la de volta a casa. Já não a via há 3 semanas e será bom revê-la amanhã.
Este fim-de-semana são os Santos em Chaves! Adoraria passar por lá, dar uma volta pelas tendas, quem sabe andar em algum carrocel e até rever alguns amigos que por á deixei do ano passado… mas infelizmente, mais uma vez tenho o fim-de-semana tão sobrecarregado que será quase impossível sair de casa.
O natal está longe… só a 18 de Dezembro terei férias… entretanto lá vou matando o corpo á medida que o cansaço se apodera de mim. Nada que não se aguente. É caso para dizer: Bem vindo à universidade.
sábado, 17 de outubro de 2009
17 de Outubro de 2009
A minha avó voltou a cair e desta vez partiu a bacia. Está no hospital desde quarta-feira.
Não sei que contar mais. Está tudo na mesma, a minha mãe está bem, o resto da família também. Eu lá continuo com a porcaria das minhas praxes e com a minha disposição de moribundo.
Estou demasiado revoltado com a vida e com os azares que tem trazido à minha família. Quero descançar de tudo isto, meter-me num sítio onde possa ficar durante muito tempo sem ver, ouvir ou fazer nada, só para descançar a cabeça dos problemas e preocupações que me acompanham todos os dias.
Mais uma vez obrigado a todos aqueles que todas as semanas pessam pelo blog para dar algum apoio.
Passarei de novo quando estiver mais bem disposto para continuar com a descrição da minha enfadonha vida.
domingo, 4 de outubro de 2009
4 de Outubro de 2009
A distancia é algo muito duro e todos sentimos os seus efeitos mais cedo ou mais tarde. É como um muro intransponível que se cria entre nós e aqueles que mais gostamos e que sabemos que não podemos ultrapassar. Telefonemas, fotografias, tudo serve para tentar amenizar os seus efeitos, mas a verdade é que por mais que queiramos, há sempre um bichinho que remói o nosso interior e que só acalma no momento em que finalmente podemos voltar a casa, mesmo que a visita pareça sempre demasiado curta.
A segunda semana longe de casa, pensei eu, seria mais fácil de suportar que a primeira. Grande engano. As praxes continuam em cima de mim em grande peso. Os doutores continuam com fome de caloiros e os disparates, situações estúpidas e brincadeiras sem sentido são mais que muita. Nós, caloiros, estamos a atingir o nosso limite. Não podemos estudar, não temos tempo para tratar dos nossos assuntos pessoais… enfim, se isto são as praxes de que tanto se fala, então o meu espírito académico é muito baixo, porque não consigo sentir qualquer excitação ao participar nelas. O pior no meio disto tudo são as saudade de casa. E sinto muitas. Enquanto de dia ando empenhado em todo o frenesim de aulas e praxes, consigo esquecer um pouco esse sentimento, mas quando chego a casa à noite e entro no meu quarto, o facto de estar sozinho, longe de tudo o que conhecia, sem ninguém para me receber, para me dizer boa-noite, tudo isso me deixa triste e sem vontade de continuar. A minha mãe teve quimioterapia na terça-feira e à noite, quando falei com ela, estava muito abalada porque supostamente foi mal recebida e tratada por uma médica no IPO e foi a chorar que me disse que lhe faço falta nestes momentos. Para quem está com todo estes abalos emocionais, ouvir algo assim não é fácil. Simplesmente não tenho cabeça para suportar as praxes neste momento. Ouvir insultos, servir de carrasco a meia dúzia de indivíduos dementes e estar preocupado com o que se passa em casa ao mesmo tempo não é possível. Já pensei em desistir… já pensei em contar a minha situação a um doutor… não sei o que hei-de fazer. Esta semana foi a semana das barraquinhas, o que traduzido significa a primeira semana de bebedeiras da universidade. Todos os meus colegas de curso (ou grande parte deles) apanharam grandes bebedeiras e regozijam-se disso. Para mim é estranho e até incomodo porque não estou habituado a um ambiente deste tipo nem me ínsito de forma alguma nele. Bebi um mini apenas para não desagradar a quem ma ofereceu e tive de ajudar duas colegas embriagadas a chegar a casa. Saber que será este o ambiente em que me vou entregar nos próximos seis anos é algo constrangedor. É um facto, sinto-me deslocado, num sitio que mal conheço, com pessoas a quem ainda não posso chamar amigos, longe da minha antiga vida.
Passei o fim-de-semana a estudar porque não tenho tempo ao longo da semana. Hoje a minha irmã chegou ao meu quarto e começou a chorar a dizer que tem saudades minhas e que não quer que eu vá embora. Quer que eu fique em casa todos os dias como fazia entes. É demais. Como posso ter coragem para ir embora na terça-feira? Como posso ter força para sair do conforto do lar, deixar a minha mãe doente para trás, dizer adeus à minha irmã, meter-me num quarto que não é meu e enfrentar as bestas que são os doutores e as suas estúpidas praxes?
Perguntas que têm uma única resposta: sendo forte. Mas estou numa daquelas épocas em que toda a força se escapou de mim….
sábado, 26 de setembro de 2009
26 de Setembro de 2009
As praxes foram bastante difíceis de aguentar, principalmente no 1.º dia. Foi horrível. Levantar-me sozinho numa cidade desconhecida, chegar a um local onde nunca entrara, dar de cara com gente nova que começa a grita comigo obrigando-me a ajoelhar-me em frente deles sem perceber muito bem porquê foi uma experiencia difícil de aguentar. Posso dizer sem mentir que no 1.º dia fui a pessoa mais praxada de entre todos os colegas. Foi-me colocada uma fita na cabeça e passei a ser o caloiro Rambo. A partir daí passei o dia a rastejar no chão, a gritar ordens de guerra entre outras pérolas. É difícil para quem ouve perceber como nos sentimos mal num dia assim, mesmo que contado pareçam coisas simples e fáceis de realizar. Quando cheguei ao meu quarto nessa noite só pensava em desistir de tudo. Ao longo da semana as coisas foram melhorando. Na terça-feira tivemos o nosso despique musical contra outro curso e ficamos empatados. Na quarta tivemos uma aula fantasma (uma professora falsa tratou-nos abaixo de cão e exigiu que comprássemos microscópios individuais perante a nossa cara de choque) e também a praxe suja (horrível. Fomos cobertos por milhares de líquidos estranhos como leite, iogurtes, óleo, azeite, vinagre, ketchup, arroz, ovos e muitas outras coisas que nem sei identificar. Quase entupi a canalização nessa noite ao tomar banho) e quinta-feira tivemos uma especial de serenata na cidade, o que foi a experiencia mais agradável até agora. Sexta não houve praxe. Não quer dizer que ao longo da semana os doutores tenham baixado a guarda ou que tenhamos sofrido menos. Simplesmente habituei-me ao estilo das praxes, percebi qual o objectivo e deixei de ter tanta vergonha ao fazer o que me mandam. Passamos os dias inteiros com os doutores: desde as oito da manhã à meia-noite (ou depois disso). Almoçamos e jantamos juntos e no fim das praxes somos acompanhados a casa. O bom no meio disto tudo é que apenas em cinco dias já se criaram amizades entre os caloiros que de outra forma nunca apareceriam. Já conheço todos os meus colegas, apesar de ainda não saber todos os nomes. Soube-me divinalmente chegar a casa ontem, rever os meus pais e a minha irmã e dormir na minha cama de novo. Pena é que Sábado tenha passado tão rápido e só me reste mais um dia antes de regressar a Vila Real.
Tenho telefonado todos os dias à minha mãe antes de dormir, geralmente muito tarde e por isso tenho-me mantido a par das novidades. Já colocou a peruca ontem, pelo que quando cheguei a casa já a vi de visual renovado. E fiquei surpreendido: a peruca é de facto idêntica ao cabelo original e se não soubesse de antemão o que iria encontrar, poderia facilmente ter confundido com um novo corte de cabelo. Ela afirma sentir-se um pouco apertada com a peruca na cabeça, mas está a reagir bem à mudança, tal como tem reagido a tudo. Agora que tem o cateter colocado (também foi colocado ontem) terá outra sessão de quimioterapia dia 29. Pelos vistos o braço tem-lhe doido muito menos e sentiu o tumor na mama diminuir consideravelmente. Claro que só a opinião do médico poderá dizer alguma coisa mas eu estranho uma diminuição perceptível tão rápida. Quem sabe o tratamento esteja a ter um efeito muito bom e o tumor reduza o tamanho mais rápido do que se espera.
De resto tudo está na mesma. Todos os vizinhos e amigos me perguntaram como se passou a semana de praxe e a minha irmã, afirmando ter tido muitas saudades não me largou um minuto. A minha avó melhorou bastante e voltou ao seu estado normal antes da queda.
A vida corre normalmente e até já me parece normal estar a seleccionar as calças mais sujas que tenho no armário para segunda levar para as praxes.
sábado, 19 de setembro de 2009
19 de Setembro de 2009
A actualização constante do blog está ameaçada. Não tenho internet fixa no meu quarto em Vila real mas vou levar a minha placa da Tmn. O problema é que a dita placa está descativada por falta de uso. Amanhã ainda vou tentar reactivar o cartão, mas se não conseguir só poderei postar as novidades e primeiras impressões no proximo fim de semana. Seja como form prometo descrições promenorizadas para os visitantes do meu blog.
A minha mãe tem adnado particularmente bem-disposta, o que me espanta a cada dia que passa. Pensei, nos dias a seguir ao tratamento, que a boa disposição seria só inicio e que com o passar do tempo começaria a ficar pior e mais afectada. Pelo contrário: parece estar cada vez melhor e com mais força para enfrentar a doença. O cabelo ainda não começou a cair. Quarta feira vai com a minha prima e com o meu tio ai salão do porto para comparar preços e modelos com os de Braga e irá colocar a peruca que mais lhe agradar. Sei que será um momento difícil para ela, mas infelizmente não poderei estar por perto para a ajudar.
Bem despeço-me não sei até quando. Até segunda ou até Sábado, com novidades fresquinhas sobre como foi a minha entrada na universidade ;)
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
16 de Setembro de 2009
Fui com a minha mãe e o meu tio a Vila Real matricular-me. A universidade é de facto enorme. Parece uma vila independente com dezenas de pavilhões divididos por cursos e áreas. Prevejo que me vá perder muitas vezes por ali. As matriculas foram na biblioteca central. Fui recebido por alunos que me indicaram todos os procedimentos e de seguida fui passando por diversos balcões onde me indicaram tudo o que fazer. Achei o pessoal todo simpático e prestável, à parte de um rapaz que me chamou bicho no meio da sala (lol o que é normal porque é essa a denominação dada aos caloiros na UTAD: bichos). Não encontrei ninguém do meu curto mas vi vários alunos a ameaçar outros tantos caloiros de que segunda-feira iria ser muuuuito divertido… aqui estamos para ver.
De seguida fomos visitar o meu quarto para a minha mãe ver. Não ficou, tal como eu, muito impressionada. O quarto grande mas achou a casa de banho e cozinha muito pequenas e em mau estado de conservação. Descobri que já vou ter dois colegas para partilhar a casa: dois rapazes que vêm Mira Daire (acho que é assim o nome). Por um lado é bom ter companhia. Por outro, sendo que ambos já se conhecem e são colegas, sentirme-ei um pouco deslocado. Já nem sei como estou em relação à universidade. Por um lado, estou impaciente para experimentar esta nova fase. Por outro lado, estou bastante inseguro… tudo novo. Longe da família, dos amigos, a viver sozinho pela primeira vez, sem conhecer ninguém… e estar sempre longe da minha mãe nesta época em que tanto precisa de mim também não é do meu agrado. Mas vai ter que ser, claro.
A minha avó está um pouco melhor. Já está mais lúcida, fala com dificuldade e anda com muito esforço, mas já não está completamente alheia como há dois dias atrás. Talvez tenha sido só uma má reacção aos medicamentos. Espero que seja menos um problema grave para enfrentar nesta altura.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
14 de Setembro de 2009
Tal como disse a minha avó está doente. A alguns dias atrás caiu e não sabemos como. A minha tia encontrou-a com um corte na cabeça e um hematoma enorme na coxa mas ela não conta que fez. Apesar de magoada, nada de grava aconteceu nos dois primeiros dias. No entanto, na noite de sexta para sábado ficou muito donde e sofreu uma transformação horrível: não está no seu juízo, não consegue falar em condições, não anda, dá a impressão de não saber quem somos… algo muito estranho para quem estava bem à dois dias atrás. A minha tia levou-a ao médico e a resposta do senhor, muito profissional foi “Não vê a idade dela? Não faço milagres. Sabe que tem os dias contados”. É tanta estupidez junta que não vou comentar. Desconfiamos que pode ter sido alguma reacção aos medicamentos para as dores que tomou mas ao vê-la lembrei-me de imediato da minha avó paterna que tem Alzheimer: as mesmas reacção, a apatia, o murmurar constante… não sei se será o mesmo (e duvido devido à rapidez com que os sintomas apareceram) mas o facto é que este problema não é bem-vindo numa altura em que já enfrentamos tantas situações relacionadas com a minha mãe.
A minha mãe pretende ir a Braga colocar a peruca mas não sabe ao certo o que fazer: esperar que o cabelo comece a cair (o que deverá acontecer na próxima semana) para depois a colocar ou rapar o cabelo e colocá-la já mas está a pensar na primeira opção. Em relação à quimioterapia, tem reagido bem e à parte dos enjoos e falta de apetite, está forte e com força como sempre. Um exemplo!
A minha irmã começou as aulas hoje com grande amargura, mas ao rever as amigas animou-se e está pronta para mais um ano de divertimento e trabalho.
Quanto a mim, tenho tantas coisas para fazer em relação à universidade… Amanhã tenho de ir tirar um atestado médico para entregar na universidade. Na quarta irei matricular-me e no decorrer da semana terei de comprar tudo o que me faz falta levar e instalar-me no quarto para segunda iniciar a minha vida universitária a sós.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
11 de Setembro de 2009
Hoje o dia foi longo. Muito longo mesmo. Mas aconteceram-me coisas boas. Muito boas mesmo. E vou contar em pormenor tudo o que aconteceu!
Fui ao porto com a minha mãe e com o meu tio para mais uma consulta, desta vez uma radiografia aos pulmões. Chega-mos, marcamos a radiografia, cinco minutos depois a minha mãe foi chamada e 10 minutos depois saiamos de novo do hospital. Duas horas de viagem até ao porto para sermos despachados em 15 minutos é mesmo agradável. Viemos para Braga onde almoçámos e nos encontramos com a minha prima Sandra que levou a minha mãe a uma cabeleireira, supostamente muito conhecida chamada “O postiço” e que é especialista em perucas. Passou lá dentro cerca de duas horas (não me deixaram entrar para que a minha mãe pudesse experimentar as perucas À vontade) onde experimentou várias tonalidades e tamanhos e no fim a senhora ficou com uma mecha do seu cabelo para encomendar a peruca e fazer o corte durante a próxima semana. Esta é a situação que mais irá abater a minha mãe: a perda de cabelo. Já tentei várias vezes mostrar-lhe que é algo pouco importante dado o seu retorno mais tarde mas ela não aceita e afirma que o dia em que vir o seu cabelo cair será um momento horrível. É por isso que a cabeleireira aconselha que dentro de duas semanas ela se desloque ao salão onde lhe cortará o cabelo e lhe porá a peruca de imediato para que não veja o seu estado e não fique chocada. Claro que mais tarde ou mais cedo acabará por se ver ao espelho mas quanto mais tarde melhor.
Tinha uma festa marcada na minha antiga escola para as seis da tarde e tivemos de nos apressar para chegar-mos a tempo a Chaves. A festa tratava-se da cerimónia de entrega de diplomas de 12.º ano e de prémios de mérito. Serviu para rever professores e amigos e para me despedir da escola, dado que foi provavelmente a ultima vez que ali entrei. Além do diploma de 12.º recebi mais três prémios: um prémio de mérito escolar devido à minha média final superior a 18 valores; um prémio de mérito pessoal devido à forma como desempenhei a minha tarefa de delegado de turma e auxiliei os meus colegas nas situações de necessidade e ainda um prémio de mérito final por ter tido notas superiores a 17 valores nos exames nacionais. Confesso que me senti orgulhoso de mim mesmo, e ainda mais quando a directora da escola me disse, em segredo que tinha orgulho de ter tido um aluno como eu na sua escola… sem palavras. A minha mãe também se emocionou bastante mas não chegou a vias de facto e controlou as lágrimas.
Cansadíssimos (principalmente a minha mãe) chegámos a casa sem preparação para uma nova surpresa: ao abrir o meu e-mail vejo uma mensagem do ministério da educação com a seguinte frase “Colocado: Medicina Veterinária, Vila Real”. Quer isto dizer que ENTREI NA UNIVERSIDADE! Festa, choro e muita alegria nos minutos que se seguiram à notícia que aguardava à meses. Finalmente entrei na universidade e no curso que tanto ambiciono. No fim deste dia em que tanta coisa correu bem, apenas me sinto feliz… naturalmente e completamente feliz e pretendo continuar assim por muito mais tempo.
Amanhã vou com o meu pai e com a minha prima Marlene a Vila Real para procurar uma casa/quarto para alugar, algo que tenho de tratar o mais rápido possível. Um dia da próxima semana terei de ir mais uma vez à cidade para me matricular. Dia 21 iniciarei as aulas.
Falando da minha mãe: desde a sessão de quimioterapia ainda não senti grandes alterações. Tem estado enjoada (principalmente no 1.º dia) e um pouco cansada, mas à parte disso ainda se mantém em forma. Veremos como evolui o seu organismo ao longo dos próximos dias. Ter uma consulta marcada para dia 23 (ecografia abdominal), a colocação do cateter para dia 25 e nova sessão de quimio dia 29. Tem a próxima semana para descansar e eu para aproveitar a sua companhia permanente, dado que a universidade se aproxima e a separação também…
terça-feira, 8 de setembro de 2009
8 de Setembro de 2009
De facto estes dois dias foram exaustivos e a por todo o IPO para chegar a tempo a todas as consultas marcadas foi uma constante. Começamos mal quando ontem nos aproximamos do porto e uma enorme fila de trânsito nos cortou a passagem. Parece que houve um acidente na auto-estrada e que esta foi cortada. Cerca de uma hora e meia de espera que fez com que chegássemos à Medicina nuclear às dez horas e meia quando a consulta estava marcada para uma hora antes. Felizmente várias pessoas se viram confrontadas com o mesmo acidente e os atrasos foram generalizados, pelo que por volta das onze e meia a minha mãe já tinha realizado o exame ao coração. Seguimos de imediato para a consulta de ortopedia onde o médico explicou à minha mãe aquilo que já sabíamos: o ombro apresenta uma metástase do peito. Apesar disso, o ortopedista achou que uma intervenção cirúrgica não era necessária neste momento pelo que mandou avançar o processo o mais rápido possível. Explicou também que em caso extremo, poderá ser necessário que a minha mãe coloque uma , mas que tal só acontecerá se se registarem complicações demasiado sérias no ombro (numa tentativa cómica de explicar a situação, o médico disse que quando o tumor desaparecer do ombro, o osso assemelhar-se-á a um queijo suíço, cheio de lacunas, e que nesse momento a prioridade será tentar forçar a regeneração óssea). Por fim dirigimo-nos à radioterapia para a primeira consulta e sessão de tratamentos. A médica explicou à minha mãe que a radioterapia ao osso não será muito importante neste momento e que a única função seria diminuir a dor do ombro. Para além disso, o tratamento exporia o osso e o tornaria muito mais frágil, o que associado à diminuição de dor e consequente tentativa de maior mobilidade, iria ser perigoso demais. A minha mãe optou então por realizar a radioterapia mais tarde. Com o primeiro dia de tratamento finalizado, decidimos dar uma volta pela baixa do porto. Quem adorou o passeio foi a minha irmã que longe de imaginar a confusão que nos levou ao Porto, aproveitou cada segundo que passamos na cidade e ainda mais a noite que passamos no hotel.
Hoje de manhã o dia começou com análises ao sangue. De seguida teve uma consulta na clínica da mama onde a médica nos explicou de forma muito personalizada e detalhada a quimioterapia e todas as suas consequências. Deu um pequeno raspanete à minha mãe ao perceber que esta manteve o tumor escondido cerca de um ano (não vale a pena debater este assunto porque ela já percebeu que errou) mas de seguida tentou dar-nos força ao afirmar que o tratamento ia finalmente realizar-se e que era a contagem final para a cura. O problema é a quimioterapia será realizada em dois ciclos diferentes com quatro sessões cada uma. Sendo que cada sessão é realizada com pelo menos três semanas de diferença das anteriores isto significa que só estará pronta para a cirurgia dentro de seis meses (aproximadamente em Fevereiro) o que ainda é algum tempo. Quando chegamos ao hospital de dia onde se realizou a quimioterapia, a enfermeira explicou mais uma vez todos os processos e detalhes da quimioterapia, iniciando a primeira sessão de seguida. Como a minha mãe ainda não tem cateter teve de ser realizada no mãe esquerda e durou cerca de duas horas. Finalmente saímos do hospital com dezenas de medicamentos debaixo do braço e prontos para enfrentar as próximas três semanas que serão as que trarão o primeiro contacto com as consequências da quimioterapia no organismo dela. Teremos de regressar ao hospital já na próxima sexta para realizar um raio x aos pulmões. Sem data definida fica uma ecografia ao abdómen. A colocação do cateter foi remarcada para dia 25 e no dia 29 haverá nova sessão de quimioterapia e consulta na clínica da mama. As coisas começam a andar o que só pode ser bom sinal. Mas os próximos dias assustam-me por não saber ao certo o que vai acontecer. Antes de deitar a minha mãe queixou-se de que se sentia ligeiramente enjoada. Não sei se se trata já do primeiro sintoma ou se será simplesmente o resultado do dia cansativo que tivemos…
sábado, 5 de setembro de 2009
5 de Setembro de 2009
Depois de ter marcado a consulta para a última quinta-feira, a médica do IPO telefonou para informar a minha mãe de que, visto que terá de se deslocar ao Porto na segunda e terça-feira, poderá realizar essa sessão de radioterapia também no dia 7. Quer isto dizer que na segunda irá realizar a sessão de radioterapia no braço, a consulta no ortopedista e o exame ao coração. Na terça-feira realizará as análises ao sangue seguidas da consulta com a médica da quimioterapia e possível primeira sessão deste tratamento. Pode-se dizer que é bastante para dois dias, mas o importante é que finalmente o tratamento vai iniciar-se e diga-se de passagem, já não era sem tempo.
Para não quatro viagens enormes em dois dias decidimos que iremos ficar no Porto de Segunda para Terça-Feira. Devido a enormes protestos por parte da mesma, a Rita também nos acompanhará desta vez apesar de a mim não me agradar muito uma exposição dela a todos os agentes infecciosos perigosos que podem andar à solta no ar do Hospital.
Vou ter uma festa amanhã. Com tal, chegarei a casa tardíssimo e terei de me levantar também cedíssimo no dia seguinte para seguir para o Porto. Odeio estes dias em que tudo tem de ser feito a correr, mas tem de ser… a saúde da minha mãe está em primeiro lugar e vai ser posta à prova pela primeira vez.